Quatro anos atrás, quando da primeira eleição de Dilma e da primeira eleição da vida deste blog, resolvi por curiosidade avaliar se o resultado das eleições seria diferente caso a nossa regra fosse a regra dos EUA. Em 2010 nada mudaria, Dilma seria eleita da mesma forma. Agora em 2014 a diferença de votos foi muito mais apertada e, obviamente fiquei curioso se dessa vez com as regras americanas haveria alguma diferença no resultado.
Para ser eleito presidente do Brasil, tudo o que você precisa conseguir é a metade mais um dos votos válidos da eleição em todo o país. Nos EUA você precisa conquistar a maioria dos votos de um colégio eleitoral que é formado por delegados enviados por cada Estado. Estes delegados votarão no candidato escolhido pelos eleitores daquele estado.
Assim, enquanto no Brasil a chave para se vencer as eleições é conquistar eleitores em todo o território nacional, nos EUA o segredo é vencer nos estados que enviam mais delegados para o Colégio Eleitoral. Em estados que você sabe que não vai vencer, você pode simplesmente desistir dele e poupar suas forças pois mesmo que ninguém naquele estado vote em você, o número de delegados que ele vai enviar ao Colégio para votar contra você será igual. No Brasil em um estado como São Paulo você não pode se dar a esse luxo, pois mesmo que perca no estado, você tem que tentar perder do mínimo possível pois o que importa no final é a contagem absoluta de votos.
O sistema americano permite que você vença a eleição tendo menos votos no geral do que seu oponente, como ocorreu com George W. Bush contra Al Gore em 1998. Já o sistema brasileiro permite que você perca em mais estados que seu adversário, mas vença na eleição geral. Pessoalmente acho o sistema brasileiro mais correto pois a eleição é nacional e todos os votos acabam tendo o mesmo peso. Sob o sistema americano, o voto de um paulista valeria mais do que o voto de um acreano.
O número de delegados que cada estado envia é proporcional à população do estado. Assim estados mais populosos tem mais delegados, estados menos populosos menos. Mas nunca nenhum estado terá menos que 3 delegados. Usando o Colégio eleitoral que montei para as eleições de 2010, arredondando o número de delegados para cima, de forma a não termos que dividir pessoas ao meio, teríamos:
O resultado da eleição foi (vermelho para Dilma e Azul para Aécio):
Cruzando as informações, teríamos esses resultados:
Curiosamente, se usássemos o Colégio Eleitoral, a vantagem de Dilma seria um pouco maior. Isso é completamente o oposto do que eu esperava. Dessa vez imaginei que, usando o critério americano, e considerando que Aécio venceu nos estados que fornece o maior número de delegados, ele seria eleito sob essas regras. Não foi o que houve.